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Saberes do Vinho - Gilvan Passos

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A qualidade do vinho pode ser avaliada sob o ponto de vista da subjetividade, quando relativa ao gosto pessoal de cada um e da objetividade, quando a ferida sob um ponto de vista técnico.
 
É nesse ponto que reside a real distinção entre apreciador (aquele que avalia valores específicos de determinados vinhos), e provador (aquele que avalia com acuidade técnica dos sentidos). Nesse sentido, continua valendo aquele velho chavão: "Vinho bom é aquele que você gosta", uma vez que o conceito de qualidade técnica não, necessariamente, condiz com o conceito pessoal de qualidade de alguns apreciadores. Conclusão: gosto, dependendo do ponto de vista, se discute sim.
 
Entretanto, para o apreciador, iniciante ou iniciado, que deseja ascender às esferas superiores na arte de bem degustar vinho, é fundamental ter em mente e com clareza, que características são, de fato, valorizadas nos vinhos que se bebe. É preciso saber qual o seu tipo e estilo de vinho preferido, se é leve ou encorpado, jovem ou maduro, complexo, amadeirado ou frutado, enfim, que requisitos mais o encanta nos vinhos que aprecia.
 
Caso você não tenha essas respostas, só lhe resta beber, sem preconceito, toda diversidade possível. Só é interessante aprovar, provando. Porém beber comedidamente e com acuidade de sentido, buscando respostaspara tais perguntas.
 
E entenda que somente depois de saber do que gosta a crítica especializada o poderá ajudar, na medida em que fizer uma descrição técnica clara, que aponte o porto seguro do consumo e o encoraje a investir em novas descobertas.
 
Quando você souber do que realmente gosta, poderá consultar, antes de comprar, o atendente da sua loja preferida, e com mais segurança, investir em novas descobertas.
 
O pior de apreciar é a mesmice. Beber constantemente o mesmo vinho por medo de se frustrar ou de desperdiçar dinheiro é no mínimo monótono. Não há crescimento em qualquer que seja o campo, quando não se ousa ou não se reinventa, nem se recria. O apreciador que cresce organolepticamente é aquele que, avesso ao estático, muda, porque mudar é contemplar novas possibilidades, sair da casinha, ganhar o mundo. Universo dos mutantes, dos que subvertem a ordem, dos que fogem da previsibilidade. É assim com o vinho e é assim com a vida.